Oficina


FAM Produções

Oficina de Teatro para Crianças Jovens e Adultos

OBJETIVO

Proporcionar as comunidades rurais e urbanos do interior do Brasil uma oficina de Teatro com forma e conteúdo que lhes possibilitem conhecer a si mesmo e ao outro chegando até as crianças, as maiores  e melhores sementes para construção dos alicerces do futuro.

Texto Apostila base da Oficina


a)         Caracterização física

b)         Plasticidade do corpo

c)         A dicção e o canto

d)         Tempo espaço e ritmo no teatro

e)         Ética no teatro

f)          O encanto cênico

Caracterização física
Se não usarmos nosso corpo, nossa voz, se não acharmos uma forma de caracterização que corresponda à imagem, nós, provavelmente, não podíamos transmitir a outros o seu espírito, vivo. Sem uma forma externa nem sua caracterização interior nem o espírito da sua imagem chegarão até o público. A caracterização exterior explica e ilustra e, assim, transmite aos espectadores o traçado interior do seu papel. Há atores e principalmente atrizes que não sentem necessidade de preparar caracterizações ou de se transformarem noutros personagens, porque adaptam todos os papéis a seu encanto pessoal. Edificam o seu êxito exclusivamente sobre essa qualidade. Sem ela ficam mais desamparados do que Sansão depois que lhe tosquiaram as madeixas.

Plasticidade do corpo
É possível que, na vida comum, um corpo cheio de protuberâncias fora do lugar, pernas tão longas e finas que forçam o dono a cambalear, sejam coisas sem importância. De fato a gente se habitua tanto com esses e outros defeitos que acaba por aceitá-los como fenômenos comuns. Mas quando pisamos o palco, muitas deficiências físicas menores chamam logo atenção. Ali o ator é esmiuçado por milhares de espectadores como que agraves de uma lente de aumento. A menos que tenha a intenção de mostrar uma personagem com defeito físico – e nesse caso deve exibi-lo sem ultrapassar o grau certo. O ator deve mover-se com facilidade no palco e precisa de um corpo saudável em bom funcionamento e dotado de um controle extraordinário.

A dicção e o canto
Não basta que o próprio ator/atriz sinta prazer com o som de sua fala, ele deve também tornar possível ao público presente no teatro ouvir e compreender o que quer que mereça a sua atenção. As palavras e a entonação das palavras devem chegar aos seus ouvidos sem esforço. A fala é música. O texto de um papel ou uma peça é uma melodia, uma ópera ou uma sinfonia. A pronunciação no palco é uma arte tão difícil como cantar, exige treino e uma técnica raiando pela virtuosidade. Falta ao canto de muitos toda precisão, disciplina, organização, acabamento, indispensáveis. Transforma-se num emaranhado caótico e desordeiro. Deixa de ser música e torna-se uma espécie de puro exibicionismo vocal. A mesma coisa pode acontecer e de fato acontece quando se está falando. Muitos atores/atrizes que não procura falar bem, que não presta atenção nas palavras, pronunciam-nas com uma velocidade tão desleixada e irrefletida, sem lhes por nenhuma entonação final, que acabam deixando as suas frases completamente mutiladas, ditas apenas pelo meio. Na dicção correta e bonita não se deve encontrar nenhuma destas manifestações a não ser quando uma mudança de tempo-ritmo se faz necessário, propositalmente, para a caracterização de um papel.

Espaço e tempo no teatro
O tempo é a rigidez ou a lentidão do andamento de qualquer das unidades previamente estabelecidas, de igual valor, em qualquer compasso determinado. Ritmo é a relação quantitativa das unidades de movimento, de som, com o compasso determinado como unidade de extensão para certo tempo e compasso. Creio que, no momento enquanto vocês ainda não experimentaram em vocês mesmos os efeitos de tempo-ritmo, essas fórmulas terão pouca utilidade prática. O ator/atriz é rachado em dois pedaços quando está atuando. O ator/atriz vive, chora, ri, em cena, mas enquanto chora e ri ele observa suas próprias lágrimas e alegria. Essa dupla existência, esse equilíbrio entre a vida e a atuação, é que faz a arte. Como vêem essa divisão não prejudica a inspiração. Pelo contrário, uma coisa estimula a outra. Além disso, em nossa vida real, nós levamos uma existência dupla. Isso, entretanto não nos impede de viver e sentir emoções fortes.

Ética no teatro
A ética é um elemento que contribui para estabelecer um estado dramático criador. É produzido pelo ambiente que circunda o ator/atriz no palco e pelo ambiente da plateia. Nós o chamamos de ética, disciplina e também de senso de empreendimento conjunto em nosso trabalho no teatro. Todas essas coisas, reunidas, criam uma animação artística, uma atitude de disposição de trabalhar juntos. É um estado favorável à criatividade. Não sei descrevê-los de outro modo. Não é o próprio estado criador, mas é um dos fatores principais que contribuem para ele. Ele prepara e facilita esse estado. A condição primordial para acarretar esta disposição preliminar e seguir o princípio pelo qual tenho me norteado: amar a arte em nós e não nós mesmos na arte. A atividade do ator/atriz é uma atividade esplêndida para aquele que é dedicado a ela e a enxerga sob um prisma verdadeiro. Caso contrário será uma pena, pois isto o incapacitaria como ser humano. Se o teatro não puder enobrecê-lo, transformá-lo numa pessoa melhor, você deve fugir dele. Porque há uma porção de bacilos no teatro, alguns bons e outros extremamente prejudiciais. O sucesso é transitório, fugaz. A paixão verdadeira está na pungente aquisição de conhecimentos sobre todos os matizes e sutilezas dos segredos criadores.
O verdadeiro sacerdote tem consciência da presença do altar durante todos os instantes em que oficia um ato religioso. Exatamente assim é que o verdadeiro artista deve reagir no palco durante todo tempo que estiver no teatro. O ator/atriz que não for capaz de ter este sentimento nunca será um artista verdadeiro.

O encanto cênico
Creio que há certos atores e atrizes que mal entram em cena e o público já se deixa cativar. Por quê? Será pela beleza deles? Entretanto, bem poucos desses atores/atrizes têm esse atributo. Por sua voz? Mas, frequentemente, uma voz excepcional é coisa que lhes falta. Talento? Quanto a isto, muitos deles não merecem o prazer que provocam. Então qual a base do fascínio que exercem? É uma qualidade indefinível, intangível. O encanto inexplicável da entidade total do ator/atriz. Transforma em vantagens até mesmo as suas deficiências, suas peculiaridades, e defeitos tornam-se abjeto de imitação para seus admiradores. Então surge a pergunta. Não haverá nenhum método para, de um lado, possibilitar o desenvolvimento de certo grau de encanto cênico quando o ator/atriz não têm esse dom ou, por outro lado, será que ele/ela não pode vencer a qualidade repulsiva que lhe é impingida? Isto é possível, mas só até certo ponto. Está claro que o ator/atriz, precisa antes de entender, ou melhor, sentir, quais são essas deficiências e, depois, tendo chegado a esta percepção, deve aprender a lutar e vencer o seu próprio problema. Isto não é fácil. Exige cuidadosa observação, conhecimento de si mesmo, muita paciência e um trabalho sistemático visando extirpar características naturais e hábitos cotidianos. Quanto a adquirir esse “algo” indefinível que atrai a plateia, isto é coisa mais difícil ainda e talvez seja até impossível de conseguir.

Adaptação: Aurélio Mesquita

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